quinta-feira, 3 de junho de 2010

Considerações psicológicas sobre a melhor amiga do ginásio, ou apenas uma pequena nostalgia

Vocês se lembram da sua melhor amiga, ou melhor amigo, no ginásio? Eu ainda me lembro muito bem (Não faz tanto tempo, certo? CERTO?). Eu não quero citar nomes, mas eu me lembro perfeitamente bem da minha. Honestamente, naquela época, essa garota só tinha um defeito, sob minha perspectiva. Ela ás vezes encasquetava com uma ideia, somente baseada no que a mãe dela dizia. Então, invariavelmente, no meio de uma amistosa discussão, ela começava uma frase assim 'Minha mãe falou que...'

E ela usava uma voz bem infantil pra apresentar a tal ideia. Sempre. Mas era só esse defeito. No mais, ela era realmente perfeita. Caráter, personalidade, credibilidade, inteligência. Os materiais dela eram bem cuidados, a letra dela era linda e tinha personalidade. 


Como ela era bem magrinha, o uniforme ficava enorme nela. E era assim que ela gostava. Nada de shortinhos e blusinhas grudadas. Ela tinha um corpo de modelo, e ninguém sabia, porque ela escondia muito, muito bem. No ginásio de quinze anos atrás, era comum muitas garotas agirem assim. Claro, haviam as que preferiam deixar bem claras as suas formas, especialmente aquelas que se desenvolviam mais rápido, e tinham os maiores seios, a cintura mais fina, o bumbum mais avantajado...

Mas não essa minha amiga. Pra mim, ela era linda, mas eu não gastava muito tempo pensando nisso, afinal, ela era aquele rosto tão familiar, tão querido, que podia me deixar completamente feliz e aliviada só de aparecer onde eu estivesse. Eu era grudenta, ciumenta, até invejosa. Mas ela me aturou durante quatro anos. (Parece muito mais) E a amizade ainda conseguiu perdurar mesmo quando começamos a estudar em colégios diferentes. Minha mãe arrumou um namorado e, pra poder sair com ele, me deixava no shopping com essa amiga, com uma graninha exelente pra pagar cinema e lanche pras duas. E eu fazia isso toda feliz, claro.

Eu conservava um tipo de admiração complexa. Ela gostava de um determinado artista, e eu não. Mas ela acabou me convencendo, e eu passei a gostar. O problema é que eu queria gostar mais que ela. Fiz daquilo uma competição, algo que poderia ruir nossa amizade. Eu não sei porque fiz isso... Não consigo encontrar a razão obscura de criar uma possível desavença, justo com a pessoa que eu mais gostava.

Os pontos mais importantes da nossa amizade eram mesmo a competição e o meu ciúmes. Paralelo a isso, eu criei a expressão 'irmãs gêmeas de alma' pra explicar como éramos psicologicamente parecidas, já que não tínhamos a menor semelhança na aparência. Não sei onde eu via tão grande semelhança pra nos denominar gêmeas... Ah, estou me lembrando! Eu gostava de dizer que pensava como ela. Eu sempre fui muito influenciável, e na puberdade e adolescência isso ficava ridiculamente óbvio. E a pessoa que eu escolhí pra que me influenciasse foi essa amiga, claro. Não tinha como ser outra pessoa.

Talvez dessa minha obsessão em gostar de pensar como ela é que tenha surgido nossa competição. E devo dizer, ela ganhava de dez a zero, muito fácil. Aquilo me entristecia por demais. Tanto, que eu me lembro de um dia minha mãe dizer 'Às vezes que eu acho que ela só tem essa fonte de felicidade.'

Mas minha mãe estava enganada. A minha amiga tinha muitas fontes de felicidade. Na escola, ela não implicava com ninguém, e todo mundo a respeitava. Ela era aquele tipo de garota amável, com quem você não se imagina brigando. Ela sempre tirava notas altas, fazia tudo com capricho. Comia bem, e não engordava. A família muito bem estruturada, irmãos mais novos, avós morando perto, pais compreensivos, que gostavam de dar liberdade, ainda que devidamente moderada.


Ela viajava constantemente para uma simpática cidade do interior de São Paulo, onde tinha um grupo de jovens primos e amigos. Tudo sempre soava extremamente divertido! Por várias vezes ela quis me levar junto. Minha mãe nunca deixou.
Nessa cidade, ela encontrou o segundo amor de sua época ginasial. Não foi declarado, mas ela sentia que o rapazinho correspondia, e eu sempre dizia que ela deveria se declarar! O outro amor dela foi antes disso, era alguém do corpo docente. Completamente inalcançável, mas quem podia impedí-la de sonhar?

As tardes na casa dela sempre foram incrivelmente divertidas e saborosas. Eu adorava a família toda, até o irmãozinho que não me deixava jogar o Nintendo dele! O pai, a mãe, a irmãzinha tão fofa (que hoje já virou uma moça linda)


Não temos mais contato, só aquele rostinho pequeno no meio dos amigos do orkut. E eu sei que não seríamos mais "irmãs gêmeas de alma".

Eu espero do fundo do coração que ela seja muito, muito feliz! Saudades eternas daquele rostinho inocente, que me trazia tanta alegria.

2 comentários:

  1. Nem te conheço e tão pouco a sua amiga do ginásio, mas irei torcer para que ela goste tanto de blogs quanto eu... Talvez assim, um dia ela encontre seu blog e veja o quanto a amizade de vocês foi especial para você...

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