sábado, 11 de setembro de 2010

Vida, louca vida! Vida breve!

Eu não sou nenhuma filósofa, nem mesmo tenho anos suficientes pra contar como larga experiência de vida. Mas você sabe, filosofia de botequim qualquer um pode fazer. Como eu não frequento botequim, te convido a me acompanhar num aconchegante sofá do Starbucks, tomando o café como preferir. Quente? Gelado? Com creme, ou sem creme? Chocolates? Sim, por favor.

Sempre que surge o tema "A vida é muito curta, preciso aproveitá-la ao máximo", a primeira ideia que nos vem a cabeça é que estamos perdendo tempo. Que deveríamos correr, correr como loucos, FAZER, BUSCAR, mas jamais parar pra respirar ou descansar um pouquinho. Descansamos e dormimos quando estivermos mortos. Por hora, VAMOR CORRER!!!

...

Vem cá, pensar nisso não te dá muito mais agonia que impulso? Você não pensa isso justamente quando está largado numa poltrona, lendo uma revista e tomando um cafézinho, tudo bem sossegado? Não pensa nisso quando está ilhado entre incontáveis automóveis, no meio de um trânsito de seis da tarde? Não pensa nisso enquanto está só começando a lavar o cabelo, esperando por umas boas duas horas com seu cabelereiro? Ou quando está ouvindo uma conversa longa, de algum parente mais velho?
Enfim, todas coisas lentas! Todas coisas que não nos permitem CORRER CORRER em busca de qualquer prêmio que valha uma vida inteira.

Talvez eu esteja louca, mas sempre que me acontece de pensar na urgência da vida, ao invés de levantar e sair correndo, alertando as pessoas, me dá bem vontade de ficar sentadinha e observar a vida correndo. Ah, mas nem vai tão rápido assim.

Então hoje, lendo sobre luto na Revista GLOSS, e essa ideia de vida breve sendo sugerida, eu pensei "Por que somos impelidos a pensar em correr, ao invés de pensar justamente o contrário?"
Sim, pensar o contrário! Pensar que a vida é tão curta, tão rápida, que talvez todos os esforços por torná-la um furacão sejam absolutamente desnecessários. Quanto tempo mais teremos para ouvir um velhinho, ouvir uma música de olhos fechados, segurar as mãos frias de alguém ansioso, abraçar e suspirar alguém amado, pegar um baita trânsito e só pensar no banho quente, abrir a embalagem de um chocolate bem devagarinho, sentindo o cheiro invadir suas narinas aos pouquinhos, te fazendo salivar de expectativa pelo doce? Quantas coisas leeeeentas e pequeniiiiinas podemos fazer até que algo nos tire a vida?

Por que pensar em morte, afinal de contas? A morte está tão presente quanto a vida, mas pela vida você gosta de esperar, a cada manhã. Pela morte, nem tanto. Então pra quê esperá-la, ou correr dela? Ela pode vir cedo, eu sei, mas será sempre no fim de alguma coisa. No fim de 17 anos. No fim de 36 anos. No fim de 12 meses. No fim de 95 anos. No fim, sempre.

Vem cá, toma o seu café aos golinhos pra não queimar a boca, ou pra não gelar o cérebro.
OuvindoMozart - String Quartet No. 17 in B flat major, K.584, 'Hunt' - Minueto

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