Parada próximo á porta fechada da cozinha, impunhando duas das mais infalíveis armas contra meu arqui-inimigo, eu me sentia a própria Princesa Guerreira, aquela que fora forjada no calor da batalha. Podia até mesmo ouvir a trilha sonora, o coro e, principalmente, um narrador de voz grossa e macia, enaltecendo minhas incríveis habilidades de combate.
Infelizmente, fora da minha imaginativa mente regada a sorvete napolitano, o único barulho que eu ouvia era o de seus passinhos nojentos por detrás do batente. Suas débeis asas, debatendo-se nervosamente contra a parede, a madeira e, quem sabe, contra as próprias companheiras.
Eu sou milhares de vezes maior que elas, mas eu luto sozinha. Uma chinela na mão, Raid Protector Multi Insetos na outra. Elas são um exército, e eu não conheço seus números. Posso ver suas baixas alí, á minha frente. Aquela mediana barata derrotada, com aquelas coisas brancas escapando por seu abdômem macetado. Eu a ví quando, inocentemente, levei minha mão ao interruptor da cozinha. Ela estava mais acima, na parede, escondida atrás do batente da porta. Podia ver suas patas, e acredito que ví asas. Pelo barulho, deviam ser mesmo.
Até então eu possuía apenas minhas chinelas e meu medo. Corrí... bem, não corrí. Já passa da meia-noite, eu apenas andei bem rápido até o quarto, na ponta dos pés, e recuperei meu querido Raid. Quando voltei, ela estava no mesmo lugar. Sua estratégia era clara: "finja que não existe, talvez a grotesca humana não a note". Mas eu notei. Tirei as tigelas com comida e água da minha gatinha de perto, porque o que ia acontecer alí era um verdadeiro derramamento. De veneno inseticida.
Banhei o animal agourento (pra mim, barata é agouro, inauspicioso!) com muito Raid. O líquido escorria pela parede. Passei a aguçar minha auição nesse momento, porque a covarde, zonza, debatia-se, completamente oculta pelo batente. Foi uma espera terrível até que ela finalmente cedesse. Quando reapareceu, caiu ao chão e eu a chinelei com toda a força da minha mão direita!
Pensei que a vitória era minha, e iria dormir tranquila, mas... o bater de asas e de patinhas nervosas prosseguiu. Outra. Era o meu pesadelo. Baratas voadoras tomando conta de minha cozinha! Até ontem, a espécie alí encontrada era diferente. Não possuíam asas, e ainda tinham uns traços pretos, como mechas sinalizando o perigo. As de hoje, era mais compridas, além das temíveis asas.
Pior do que uma barata, é uma barata voadora. Pior do que uma barata voadora, são duas baratas voadoras. E, meus amigos, essa guerreira recuou quando ouviu o som da terceira. Talvez houvessem mais, eu não podia ver por trás da madeira! Onde estão meus super poderes? Ah, eu não os tenho, sou uma guerreira medieval.
A segunda, eu imagino ter abatido. Joguei Raid por toda a volta da porta e esperei. Ela saiu por um lado diferente da anterior, veio em minha direção. Eu recuei, mas estiquei o braço com o Raid. Ela levou uma boa dose, mas ainda conseguiu refugiar-se embaixo do armário. Eu a ouvia. Confusas, elas são ainda mais barulhentas. Tudo bem, era uma tortura ouví-la, mas era uma vantagem que eu tinha. Afinal, sabia que ela estava alí. Joguei mais Raid por baixo do armário e esperei, atenta. Mais barulhos vinham do batente, mas ela já não estava mais alí, como podia ser? Recuei, sempre com a arma esticada á minha frente. A chinela era só para finalizar. E aquela segunda fugiu. Correu para debaixo da mesa, dei-lhe mais de meu veneno. Covardemente, ela escondeu-se debaixo da pia. Joguei mais veneno, e dalí ela não saiu mais.
Quando olhei de longe, ví um ponto escuro debaixo de uma estranha grade que minha avó deixou alí. Imagino que fosse seu cadáver.
Ainda podia ouvir o barulho por detrás do batente. Esperei mais um pouco, até que a agoniante espera tornou-se insuportável. Rajadinha apareceu, e eu precisava tirá-la daquele cômodo infestado de veneno. Recuei. Inutilmente, fechei bem a porta do meu quarto. Mas aquele animal terrível e pestilento pode muito bem passar por baixo, por cima, pelos lados, por onde quiser!
Minha esperança é de que o corredor que liga a cozinha a meu quarto, que já parece comprido demais, até mesmo para mim, seja uma viagem impossível para elas.
Meus amigos, eu posso levar o verão todo sofrendo de insônia, mas eu prometo! (aqui, eu volto a ouvir o tema de abertura de Xena, a Princesa Guerreira ) Eu prometo que acabarei com todas elas! This is Sparta!!! Bem, não é. Mas é minha cozinha, por Deus!
Amanhã de manhã, quando finalmente eu tiver recuperado minhas forças, a primeira coisa que farei é buscar a terceira mais letal arma contra o exército maldito: Naftalina.
Desejem-me sorte. Ainda preciso atravessar o corredor uma vez mais... para escovar os dentes.
OiiH!
ResponderExcluirTudo bem?
Muito obrigada por retribuir a visita!
Me diverti muito lendo o seu post!
Já assiti tanto Xena que, quando voce falou da voz do narrador eu lembrei!
Concordo: variias baratas voadoras sao horriveis!
Seguindo seu blog!
Volte sempre!
Bjus
acabei de matar uma aqui com meu poderoso UFFA, MATA INSETOS! Muito eficas contra as aranhas, meu pior inimigo!
ResponderExcluirAdorei o texto, esta muito engraçado!
Elas tem medo de mim? HAHA elas vem pra cima de mim! o.O'
ResponderExcluirNossa, vou usar inseticida como perfume *¬*
OiiH!
ResponderExcluirOk, muito obrigada por seguir meu blog tambem!
Tambem tenho poupee girl, vou te add lá ok?
E a 3ª barata? Consiguiu matar ela?
Tenha um otimo restinho de semana!
Bjus
Matei mais três baratas, nos dois dias seguintes áquele ;_;
ResponderExcluirQue terror, estou vivendo num terrível filme do ataque das baratas, dos anos 80! ç_ç
Hahahahahha acabei de dar uma chinelada em uma (chinelo do Bob Esponja). Ela ainda tá dando umas tremidas.
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